Dentro no mercado financeiro existem diversas denominações e siglas para as diferentes opções de investimentos.
Algumas são objetivas, como Título Público Federal, outras nos fazem imaginar o que significam, como é o caso do LCI, RDB, CDI. Mas, naturalmente, não basta saber o que as siglas abreviam; é preciso entender qual o tipo de investimento elas representam, sua rentabilidade, seus riscos e sua liquidez.
Investimentos isentos de Imposto de Renda sempre figuraram entre os preferidos dos brasileiros. Afinal, nossa carga tributária já é suficientemente alta. Neste cenário, duas opções, em especial, têm conquistado cada vez mais adeptos entre os investidores com perfil majoritariamente conservador, mas que estão cansados do Tesouro Direto. Os chamados CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificados de Recebíveis Agrícolas) são papéis de renda fixa mais arrojados que têm tido alta procura no mercado. Se você está pensando em diversificar, chegou a hora de entender o que são, como funcionam e se eles se encaixam em seu perfil de investidor. Preparamos este artigo com todas as informações sobre CRI e CRA que você precisa ter para se decidir. Boa leitura!
O que são?
Com uma remuneração geralmente maior do que a dos títulos públicos, os certificados de recebíveis são títulos securitizados de renda fixa emitidos por empresas privadas (as chamadas securitizadoras), lastreados em operações de crédito ligadas aos setores imobiliário (como financiamentos residenciais ou comerciais) e do agronegócio (como empréstimos relacionados à produção, beneficiamento ou comercialização de insumos ou produtos).
No jargão financeiro, securitizar, significa transformar créditos a receber (por exemplo, as parcelas de um financiamento) em papéis que podem ser comprados por investidores e negociados no mercado.
Como funcionam?
De forma resumida, na prática, os certificados de recebíveis funcionam como outros investimentos de renda fixa: o investidor compra os papéis e recebe uma remuneração (juros), em troca de manter seus recursos aplicados.
O CRI e o CRA têm algumas caraterísticas em comum. Ambos são isentos de Imposto de Renda para pessoa física e oferecem um retorno prefixado ou pós-fixado para investimentos a médio e longo prazo.
O CRI é um título que representa um comprometimento de pagamento futuro pertinente ao mercado imobiliário. Para ficar mais claro: suponha que uma incorporadora deseja construir um prédio e vender os apartamentos – ou salas comerciais – na planta por meio de financiamento, porém ela precisa de um caixa para iniciar o investimento. A empresa procura uma companhia securitizadora que transforma as vendas a prazo em títulos negociáveis. Então, se você compra o CRI, de certa forma está ajudando no financiamento inicial do imóvel e irá receber o valor ao longo do tempo.
O CRA funciona de maneira equivalente ao CRI, porém é destinado a projetos referentes ao setor do agronegócio. Seja para investimento de expansão ou renovação de equipamentos de campo. Quem compra o CRA, está ajudando o produtor a financiar sua produção, comprar novos ativos ou, até mesmo, aumentar sua propriedade e receberá como remuneração os juros do período.
Dentro da sua rentabilidade, o CRI e o CRA dispõem de retorno pós-fixado e prefixado. Mas o que isso quer dizer? O rendimento pós-fixado é atrelado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), principal índice de rentabilidade da renda fixa, e sua remuneração se dá por meio do percentual deste indexador. Já o rendimento prefixado tem um retorno fixo, o que significa que a movimentação de qualquer indicador, seja a taxa Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) ou o próprio CDI, não interfere no retorno pois ele é pré-determinado.
Vantagens e riscos
Além da isenção do Imposto de Renda, o CRI e o CRA também não possuem incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com isso, a rentabilidade oferecida aos investidores já é líquida, não ha vendo descontos adicionais. Por serem títulos de renda fixa, existe uma previsibilidade de retorno muito maior do que as alternativas de renda fixa mais tradicionais, sem contar com a possibilidade de recebimentos periódicos.
Para assegurar o pagamento aos investidores, os recebíveis são formalmente separados do patrimônio das securitizadoras, caso a empresa esteja enfrentando dificuldade financeira.
Contudo, diferente de alguns produtos de renda fixa, estes investimentos não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Isso faz com que o investidor dependa da capacidade de pagamento da empresa que realizou o financiamento. Assim, se a construtora ou a usina que financiou seu investimento deixar de pagar, toda a rede pode ser prejudicada.
É possível se proteger deste risco fazendo uma análise de rating, para saber se a emissão do título é segura, bem como analisando as garantias e seus avalistas. Outra forma é sempre diversificar a sua carteira de investimentos, não deixando o seu dinheiro concentrado em apenas um lugar.
Vale a pena investir em CRI e CRA?
Não há resposta "sim" e "não" para esta pergunta. Assim como tudo que envolve o mercado financeiro, só podemos responder: depende. É bom sempre lembrar cada uma das características do investimento. A regra para a rentabilidade dos certificados de recebíveis é a mesma que para outros produtos de renda fixa: quanto mais longo for o vencimento, maior tende a ser o valor pago ao investidor.
Cada emissão de CRI e CRA tem sua própria rentabilidade. Depende de fatores como a qualidade do emissor do título, as garantias do emissor e também a capacidade de honrar o pagamento.
CRIs e CRAs são considerados produtos de baixa liquidez. Ou seja, são investimentos com vencimento no longo prazo – mínimo de dois anos, podendo chegar a muito mais. Se você busca resultados diários ou até mesmo imediatos, ou ainda se não está seguro(a) de que conseguirá manter seus recursos aplicados até o vencimento e talvez precise resgatar o dinheiro antes, esta certamente não é uma boa escolha de investimento.
Com essas informações agora fica mais fácil de entender o que são os Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Recebíveis Agrícolas, além de saber se eles fazem parte do seu perfil de investidor. Um CRI ou um CRA será uma boa aplicação se os investidores tiverem metas que se enquadrem nas características do papel.